Hierarquia da Cosa Nostra
A hierarquia descrita a seguir se refere especificamente à Cosa Nostra. Outros grupos possuem hierarquias semelhantes que, no entanto, podem se distinguir em alguns aspectos.Cada grupo é formado por várias gangues, as chamadas famílias. O número delas pode variar de um pouco menos de 10 até mais de 100 famílias. Às vezes, o surgimento de uma nova família requer a aprovação dos cabeças das demais famílias, ao passo que, em outros casos, um grupo pode surgir da ramificação de outra família e consolidar o seu poder, sendo reconhecido como uma nova família com o passar do tempo. Embora cada família tenha seus próprios negócios, não é raro existir um alto grau de confusão entre eles dependendo da proximidade das famílias e da semelhança entre os empreendimentos.
O líder de cada família é conhecido como chefão ou dom. As decisões mais importantes são tomadas por ele e o dinheiro apurado pela família acaba
fluindo em sua direção. A autoridade do chefão é indispensável para resolver diferenças e manter todo mundo na linha.
Abaixo do subchefe aparecem vários capos. O número de capos varia geralmente de acordo com o tamanho da família. O capo age como um gerente, controlando sua própria célula da família. Sua função é cuidar da operação de atividades específicas. O território do capo tanto pode ser definido geograficamente ("tudo que fica a oeste da 14th Street pertence ao Louie 'The Key' DiBartolo") como pelo tipo de negócio ilícito em questão ("Alfonze 'Big Al' Maggioli é quem manda na loteria clandestina"). A chave para se tornar um capo de sucesso é fazer dinheiro. Parte da receita desses negócios ilícitos fica com o capo, o que sobra é repassado para o subchefe e o chefão.
O "trabalho sujo" fica por conta dos soldados. O soldado ocupa o posto mais baixo entre os homens feitos. Eles fazem parte da família mas têm pouca autoridade e ganham relativamente pouco dinheiro. O número de soldados sob as ordens de um determinado capo é imensamente variável.
Além dos soldados, a máfia também se vale dos associados. Estes não são verdadeiros membros da máfia, porém cooperam com soldados e capos em diversos empreendimentos criminosos. Um associado é simplesmente uma pessoa que trabalha com a máfia, podendo ser arrombadores, traficantes, advogados, banqueiros de investimentos, policiais e até mesmo políticos.
Há ainda outra posição na família que tem algo de folclórica - trata-se do consigliere. O consigliere não é considerado parte da hierarquia da família: sua função é atuar como conselheiro e tomar decisões imparciais com base na justiça e não em sentimentos pessoais ou vendetas familiares. Via de regra, o posto deve ser preenchido pelo voto dos membros da família, não por indicação do chefão. Na prática, porém, os consiglieres às vezes são indicados e nem sempre são imparciais.
Cosa Nostra
é o nome pelo qual é conhecida a Máfia Siciliana. Nos Estados Unidos, Cosa Nostra é como os membros da máfia italo-americana se referem às suas organizações ou negócios criminosos. Tambem é como é conhecida máfia na região da Sicilia-Itália, pois naquele país ela é conhecida por outros nomes. Os mafiosos passam a também desenvolver outras atividades ilícitas como contrabandos de cigarros e extorsão à comerciantes e residentes de determinadores setores das cidades em que a máfia se encontra presente para obtenção de dinheiro mediante o uso da violência. Neste sentido, as extensas e lucrativas atividades mafiosas começam a chamar a atenção das autoridades de justiça e também da opinião pública. Os integrantes da máfia começam a ser perseguidos. E é neste momento que se da início a construção de uma relação de cooperação entre mafiosos e autoridades públicas (políticos, juízes, policiais, etc.) com o objetivo da preservação da ilegalidade.
Juízes passam a fazer julgamentos parciais. Policiais mostram-se ineficientes. Políticos solicitam aos juízes e aos policiais que não processem ou prendam determinada pessoa. Mafiosos começam a colaborar com campanhas políticas. Cria-se, portanto, o que o Salvatore Lupo não definiu, a Máfia-Estado, onde os mafiosos consolidam a sua interferência, ou até a captura dos agentes públicos, os quais passam a representar no interior do Estado os interesses mafiosos.
É comum na atuação mafiosa a guerra entre grupos. A máfia possui um código de honra próprio, o qual se for rompido por algum dos seus integrantes a pena é a morte. A morte de um mafioso pode motivar guerras entre grupos, os crimes por encomenda. A pena capital da máfia não é apenas provocada pelo rompimento dos códigos de honra, mas também por disputa de espaço em atividades comerciais.
A máfia consolida a sua atuação na Itália na década de 70. Neste período, a máfia desenvolve as suas atividades como uma grande empresa. Hierarquias são constituídas. Famílias dominam territórios. O tráfico de drogas é agora uma nova atividade mafiosa. Alta soma de dinheiro é acumulado. Lavagem de dinheiro é feita. Consolida-se o intercâmbio mafioso entre Sicília e América. Surge a Cosa Nostra, isto é: a associação mafiosa entre Estados Unidos e Itália.
A Sicília, tal como ocorreu no Brasil com os caudilhos do Sul do país e os coronéis da região Nordeste brasileira, sempre foi governada por uma oligarquia que contratava pistoleiros, os carabinieri, para tomarem conta de suas terras e ao mesmo tempo promoverem a "segurança" dos donos das terras vizinhas a do capo(nome dado ao chefe mafioso). Essa "segurança" era cobrada pelos mafiosos às pessoas que viviam na área de atuação da Cosa Nostra. Esse sistema de extorsão existe tanto na Itália quanto nos Estados Unidos da América. Vale salientar ainda que o capo tinha um sistema de apadrinhamento. Aqueles que eram mais ligados ao chefe da máfia em determinado local, chamavam-no de padrinho.
A máfia não possui escrúpulos para conseguir o que quer e, na maior parte das vezes, quando não consegue obter lucro através da perspicácia e intimidação, eles utilizam meios violentos, chegando a matar pessoas ligadas àquela que a máfia está querendo que faça algum favor a ela para intimidá-la a fazê-lo. Caso essa, mesmo assim, não concordasse com os anseios dos mafiosos, ela era prontamente executada.
Hoje em dia, com o sistema de proteção às testemunhas desenvolvido pelo governo italiano, a máfia diminuiu muito suas operações naquele país, pois muitos mafiosos, ou pessoas que tinham alguma ligação com esses, recebem do governo da Itália, altíssima proteção caso delatem seus companheiros à justiça italiana.
Um caso típico desse tipo de proteção foi o dado ao mafioso Tomaso Buscetta, que teve toda sua vida modificada para que a máfia não pudesse executá-lo e, em contrapartida, Tomaso entregou toda a organização criminosa a qual fazia parte. O sistema italiano de proteção às testemunhas é tão eficiente que Tomaso faleceu de causas naturais e a máfia nunca o encontrou.

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